OFICINA CÉREBRO ATIVO REÚNE ALUNOS SENIORES DE DIVERSAS IDADES

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Crédito foto: Márcio Cavalli
Os encontros semanais da oficina Cérebro Ativo, uma das opções do programa UCS Sênior, do Campus Universitário da Região das Hortênsias, em Canela, reúne alunos seniores de diversas idades.
Às terças-feiras, o pessoal vai chegando aos poucos para a aula das 14 horas. A animação se acentua conforme os ponteiros do relógio se aproximam da badalada para o início dos trabalhos. A professora Marina Siota coloca-se à frente, e num comando a turma se põe às tarefas regadas a muita descontração e busca de novos saberes.
O compartilhar de experiências é efervescente. Em meio às atividades, os participantes relatam desde fatos do cotidiano a memórias de décadas de vivências. E, entre eles, com um sotaque diferenciado e marcante, uma das alunas mais idosas do Programa UCS Sênior de toda a Universidade interage numa boa e de maneira descontraída: Inge Mayer-Ott, de 91 anos.
O UCS Sênior integra a agenda de dona Inge desde 2017, estimulada pela própria professora Marina Siota, durante um evento na Casa de Pedra. Naquele tempo, a oficina Cérebro Ativo chamava-se Memória Afiada.
As limitações corporais não são uma barreira para sua mente ativa da aposentada. “Eu me sinto jovem. Leio muito, sou muito curiosa. A gente aprende coisas novas todos os dias”, ensina ela, que mantém contato com colegas alemãs do tempo de escola, por WhatsApp. “É mais fácil hoje em dia do que e-mail”, comenta ao mostrar entrosamento às tecnologias virtuais.
DA ALEMANHA PARA O BRASIL
Nascida em Stuttgart, na Alemanha, a aposentada Inge Mayer-Ott, com seus 91 anos completados no recente 28 de abril, saiu da terra natal aos 18 anos, em 1951, rumo a Londrina (PR). Diante do receio de que pudesse estourar a Terceira Guerra logo após o fim da Segunda, o que acarretaria na consequente convocação do único irmão, Werner (então com 16 anos, hoje falecido), os pais August Paul e Emma Mathilde, além de outros parentes, mudaram-se para o Brasil sem pestanejar.
Werner havia sido enviado a Caxias do Sul para aprender o ofício de ótico, mas preferiu trabalhar na prefeitura como desenhista. Inge, a mãe e o pai rumaram a Porto Alegre, onde muitos descendentes alemães estavam instalados, o que facilitaria a comunicação na língua materna. “Na época, na Rua da Praia, em todas as casas praticamente alguém falava alemão”, lembra dona Inge.
Poucos anos depois, Inge regressou a Stuttgart com a família. Helmut Mayer, nascido em Santa Rosa e filho de imigrantes que colonizaram a região das Missões, foi à Alemanha para se casar com a então noiva, à época com 24 anos.
Com a família residindo em Porto Alegre e perto de se aposentar, Helmut quis voltar a morar no campo. Foi aí que ele e dona Inge, pais de três filhos e avós de três netos, buscaram outros ares. “Fizemos um círculo de 150 quilômetros em volta de Porto Alegre e descobrimos a Serra. Eu não queria morar onde fosse muito calor”, relata a aposentada.
Assim, se aquerenciaram em São Francisco de Paula em 1983, no limite com Canela, na chamada Fazenda Passo Alegre, onde passaram a criar cavalos. Viúva há 13 amos, dona Inge mora em Canela.
NONAGENÁRIAS NA UCS
Para a professora Verônica Bohn, coordenadora do Programa UCS Sênior da Universidade, a aprendizagem ao longo da vida é um dos pilares da Política do Envelhecimento Ativo (OMS) e uma questão central no modelo teórico de Paul Baltes, que considera o desenvolvimento humano como uma realidade ao longo de toda a vida. “Os benefícios de seguir aprendendo, independentemente da idade, são significativos para todos. Participar de um Programa como o UCS Sênior, além das aprendizagens voltadas aos cursos, há que se considerar tudo o que representa o estar em uma universidade, os contatos sociais que se intensificam, a autoestima que se renova, as novas amizades que se constroem, mas sobretudo, o reconhecimento da vida que segue pulsante”, reflete.
Dona Inge Mayer-Ott, aos 91 anos, é uma das alunas mais velhas do UCS Sênior, a considerar a Sede e os demais campi. Dentre as nonagenárias, a mais idosa tem 92 anos, e há mais duas com 91 – todas de Caxias do Sul.
“A participação de nonagenários é um poderoso estímulo para toda a comunidade acadêmica, pois explicita a existência da vida em todas as idades. O desejo por aprender não é limitado pela idade cronológica. Mudam as estratégias para ensinar e aprender, mas enquanto houver o desejo, as pessoas estão sempre se reinventando”, finaliza Verônica Bohn

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