Foram dois meses e meio de trabalho para executar e colocar a decoração no local
“A graça de trabalhar aqui é ver as pessoas pegarem os objetos para sentir se são de verdade. Trouxe meus filhos e sobrinho e eles nem piscavam quando viram o Papai Noel.” A declaração do marceneiro Diogo Abreu, 28 anos, resume o espírito que tomou conta da Vila dos Sonhos na tarde de sexta-feira (28).
Abreu chefiou, ao lado da diretora de arte da Vila, Myriam Dutra, da arquiteta Luciana Urbani, e da arte-finalista Sandra Pena, o grupo de marceneiros que construiu o cenário mágico em que Papai Noel irá morar até 11 de janeiro em Canela. Ele atribui a Luciana o título de “coração da Vila dos Sonhos”. “O lúdico se misturou ao aconchego do Natal na praça. As pessoas tiram fotos e levam para inspirar seu Natal, pois muitas não têm árvores e decoração em suas casas”, diz ele, que é morador do bairro Ulisses de Abreu e já montou o pinheirinho com a família.
Luciana, cenógrafa com formação na Espanha, reforça que a “inspiração vem do mágico”. “Com a Vila dos Sonhos concluída, vemos que o espírito natalino está na felicidade das pessoas que vêm visitar a praça”, analisa. Mesmo que os elementos pareçam irreais, os visitantes podem tocá-los para ter a certeza se são ou não fakes. “A cenografia é de cinema mesmo. Recria uma sensação de Disney, onde adultos viram crianças.”
Ela explica que o projeto da Vila foi desenhado em fevereiro, quando se imaginou a praça em tom natalino e a mesma foi apresentada a Rodrigo Cadorin e Lisiane Urbani, diretores da D’Arte Multiarte, idealizadora da Vila dos Sonhos e empresa Diretora Artística do evento. “A partir daí tivemos o briefing para um trabalho que levou dois meses e meio para ser concluído”, conta Luciana, trabalho, este, que foi levado a cabo juntamente com Myriam, Sandra, Abreu e outros 14 profissionais – seis pintores, seis marceneiros e dois serralheiros.
Os números da Vila dos Sonhos impressionam. Foram confeccionadas dez mil telhas de madeira, dezenas de janelas, portas e arabescos, recortados e pintados com técnicas de arte e envelhecimento, como trompe l’oeil e arte aplicada. Nas portas, fechaduras e dobradiças temáticas de madeira e resina foram folhadas a ouro e oxidadas, para dar a sensação real de metal antigo que enche os olhos da comunidade e turistas. “E agora começa um novo trabalho: a manutenção disso, até janeiro. Não paramos aqui”, lembra Abreu.
Cada um dos membros do grupo tem uma especialidade que permitiu recriar o ambiente antigo e lúdico. Myriam reforça que a co-criatividade imperou na praça. “Todo o cenário e a decoração tem nosso toque. As bolachas das casinhas são feitas de resina, as pedras são esculpidas em isopor fibrado, a natureza e tempo servem de inspiração para as cores com um único objetivo: tocar o coração dos visitantes, e passar a sensação de que estas casinhas já existiam ali há muito tempo”, diz.
Como resultado, o que se tem desde o final de semana do dia 21 de novembro em Canela, é o fechamento de um link entre todas as atrações culturais, da praça à catedral. “É a unificação artística, ligando as artes plásticas, cênicas e musicais, com um conceito estético que remete ao Natal tradicional, característica de Canela nesta temporada do ano”, conclui Myriam.
Crédito fotos: Sérgio Azevedo